Por Frederico Venturini
Ao longo das últimas décadas, testemunhei momentos críticos da economia global e brasileira, desde o período de hiperinflação no início dos anos 1990 até eventos marcantes como a moratória da dívida externa em 1987, a crise asiática de 1997/1998, a crise americana do subprime em 2008 e a turbulência político-econômica no Brasil em 2015.
Hoje, vivemos um cenário peculiar. Recentemente, o presidente da República afirmou que “os livros de Economia estão superados”, enquanto o ministro da Fazenda declarou ter estudado apenas dois meses de Ciências Econômicas e, segundo ele próprio, obtido o título de mestre por ter “colado”. Esse negacionismo econômico sustenta um governo que insiste em gastos públicos desenfreados, resultando em um déficit superior a R$ 105 bilhões em 2024, somando Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central.
Projeções indicam que a dívida bruta deve alcançar 82% do PIB em 2025, agravando a necessidade de refinanciamento com taxas de juros cada vez mais altas. Em termos de juros reais, o Brasil ocupa o segundo lugar no mundo, com uma Selic projetada de 15% para 2025. Juros tão elevados inviabilizam investimentos, comprometendo a estruturação de novos negócios e a expansão dos existentes.
Historicamente, o modelo de crescimento baseado em gastos públicos é utilizado em períodos de recessão, como parte de políticas anticíclicas. No entanto, não estamos em recessão, e a literatura econômica não registra casos de sucesso com gastos descontrolados em situações semelhantes. Essa condução econômica fragiliza a confiança na moeda brasileira, que em 2024 foi a mais desvalorizada do mundo, caindo quase 25% frente ao dólar – pior que a lira turca ou o rublo russo, mesmo com a Rússia em guerra.
A inflação, prevista em 5% para 2025, continua acima da meta de 3% ao ano. Este desequilíbrio prejudica principalmente as camadas mais vulneráveis da população, que destinam a maior parte de sua renda ao consumo de bens essenciais.
Embora o crescimento do PIB para 2024 tenha sido estimado em 3,5%, é importante analisar sua origem. O aumento do consumo, estimulado por políticas de transferência de renda para 54 milhões de pessoas, impulsiona o setor de serviços e reduz o desemprego, que está em 6,1%. Porém, este modelo, conhecido como “voo de galinha”, não é sustentável, pois carece de investimentos em infraestrutura e eleva o déficit fiscal, alimentando a inflação.
Fundamentos para Gestão em 2025
Diante desse cenário desafiador, cabe aos empresários e gestores de instituições de ensino adotar medidas sólidas para atravessar o ano. Não podemos aplicar em nossos negócios o mesmo negacionismo econômico praticado pelo governo. Assim, é fundamental reforçar os pilares da boa gestão:
Aprimorar informações gerenciais: Analise com atenção as oportunidades de aumento de receitas e possibilidades de corte de despesas.
Revisar despesas com pessoal: Realize uma análise detalhada de cargos, funções e horários dos colaboradores. Muitas vezes, ajustes simples geram grandes resultados.
Fortalecer a comunicação para captação de alunos: Na Educação Infantil, por exemplo, a captação pode ocorrer ao longo do ano inteiro. Negociar com fornecedores: Detalhe condições contratuais, como reajustes anuais, prazos de pagamento e vencimentos, para otimizar custos.
Gestão de caixa: Redobre a atenção ao fluxo de caixa, negociando pagamentos com descontos em caso de excesso de caixa ou prazos maiores em caso de déficit.
Que 2025 seja um ano de muito trabalho e dedicação à Educação, permitindo que enfrentemos essas águas turbulentas com resiliência e determinação.
Frederico Venturini é Economista e Pedagogo, Diretor do Sinepe Rio e Presidente da Asbrei