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Publicado em 15 de janeiro de 2016 | 5 minutos de leitura

A crise e nossas escolhas

Luiz Fernando Bastos

Essa não é a primeira e não será a última crise que enfrentaremos. Muitos de nós vivemos a crise do petróleo em 1979, planos e mais planos econômicos como Bresser, Cruzado, Collor e Real, além da recente crise internacional de 2008. Olhando para trás, vemos que tudo isso aconteceu, e ainda estamos aqui. Não foi o acaso que gerou a nossa superação, mas as nossas competências.

 Essa crise de 2015 é a combinação de vários pontos, com causas e consequências distintas, e não somente um ou outro, como no passado. Falta de confiança por parte dos investidores externos, incertezas nas instituições governamentais, a necessidade de um ajuste fiscal, a falta de apoio político para que as medidas aconteçam, as denúncias de corrupção, a falta de caixa para investimentos, o crescente desemprego, os juros mais caros do mundo, o momento nos mercados externos, o dólar nas alturas, o possível aumento da taxa de juros nos Estados Unidos, a desaceleração do PIB na China, a Argentina amargando números muito ruins já há algum tempo, e poderia seguir com a lista. Entre as principais consequências cito o PIB negativo, o dólar, a inflação e o desemprego.

Diante desse cenário, posso afirmar que os remédios que adotamos no passado não nos dão qualquer confiança de sobrevivência no futuro. Ainda que tomemos toda a caixa de uma vez, arriscamo-nos a corrigir um ou outro fator, e mesmo assim perder o paciente.

O que podemos fazer, então? Gostaria de passar algumas dicas simples:

1) Acredite que estamos em crise. O cenário mais otimista diz que os números da economia somente se estabilizarão a partir do segundo semestre de 2016. Estabilizar não é crescer.

2) Reveja todos os custos de funcionamento de sua empresa. Atue nisso da maneira mais crítica possível sem perder a qualidade dos serviços que presta.

3) Faça uma Reengenharia Financeira. Escolha novos parceiros comerciais e bancários. A regra é que todos aqueles com quem temos relacionamento comercial terão que nos entregar mais por menos.

4) Estude as contas e certifique-se da lucratividade do seu negócio. Tenha sempre em mãos o ponto de equilíbrio. Muitos Diretores acham que venda é lucro ou que a quantidade de alunos é o diferencial para a escola. A quantidade é um dado importante, mas não o único. Temos que saber cobrar o preço certo para que o negócio tenha sustentabilidade.

5) Retenha os clientes. Não deixe que alunos migrem para os concorrentes. Desenvolva ações para que os pais se sensibilizem a mantê-los na sua escola. Nem tudo é dinheiro. Muitas vezes, o carinho no atendimento e a atenção ao aluno permitem que os pais façam um esforço adicional para mantê-los.

6) Conquiste novos alunos. Abra as portas de suas escolas.

7) Receba dos devedores. Negocie à exaustão. Caso não seja uma qualidade sua negociar, contrate alguém. Negociar é uma arte.

8) Faça parcerias. Construa alianças estratégicas. Movimente seu negócio com criatividade.

9) Não pense que sabe de tudo ou pode resolver tudo. Peça opinião e sugestões aos seus colaboradores. Contrate um especialista para elaborar e ajudar no seu plano de negócios.

10) Cuidado com o capital de terceiros. Ele precisa ser bem planejado e pago dentro do momento certo. A utilização dessa ferramenta tem que ter dia e hora para começar a ser utilizada e paga.

11) Enfim, eleja o seu objetivo mínimo para esse período. Esse será o seu caminho, a sua consciência, o que deve ser lembrado e perseguido todos os dias – pois, no futuro, esse objetivo terá se transformado no motivo de sua sobrevivência.

Os próximos 120 dias vão mostrar o quanto fomos hábeis e capazes. Serão 120 dias de muito trabalho, negociação, estratégia e ação.

 Sucesso!

Luiz Fernando Bastos é professor executivo de Pós-Graduação na FGV


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