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Publicado em 11 de agosto de 2015 | 4 minutos de leitura

As cidades resilientes e o papel da educação

Por Juliane Oliveira

As cidades estão cada vez maiores e mais complexas. Mesmo no cenário mais otimista para o aquecimento global, as cidades serão muito impactadas. Tomar decisões agora pode influenciar o futuro e o papel da educação nesse processo é fundamental. Debater esse tema foi o principal objetivo da palestra de Sérgio Besserman, presidente da Câmara Técnica de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e professor da PUC-RJ, na abertura do 10º Congresso Rio de Educação 2015.

“Precisamos de cidades resilientes, ou seja, que saibam enfrentar os impactos das mudanças, principalmente climáticas. Se formos uma humanidade capaz de tomar decisões e assumir certos custos em função do que vai acontecer, seremos uma humanidade melhor e mais consciente e, consequentemente, teremos uma vida melhor”, destacou. As soluções tecnológicas para adaptar as mudanças climáticas das cidades existem, mas são inviáveis economicamente, o que torna necessário preparar as cidades para sofrer o menos possível, prevendo riscos e suportando os impactos.

Um alerta do professor foi sobre a educação ambiental que se faz nas escolas, da mesma forma que se fazia há anos, sem contextualizar com a realidade atual. “No século XX existia uma dicotomia entre meio ambiente e crescimento econômico. Hoje sabemos que o crescimento da população e da economia impacta diretamente o meio ambiente, mas continuamos ensinando da mesma forma. Educação ambiental não é mostrar cartilhas de melhores práticas e sim falar sobre cidades resilientes e como esse desafio tem impacto social, econômico e histórico”, explicou.

O planeta Terra tem três bilhões e 600 milhões de anos. Considerando esse tempo em um relógio de 24 horas, a civilização humana chegou ao mundo nos últimos segundos. Em todas as horas anteriores, o planeta passou por problemas muito maiores e se recuperou em todas essas etapas. Para Besserman, o problema está no tempo de recuperação, que para os seres humanos é um e para o planeta é outro.

“A Terra é frágil no tempo curto, mas é extraordinariamente resiliente no tempo longo. A educação ambiental que se faz no mundo, inclusive no Brasil, de que somos deuses e estamos estragando o planeta, é a pior que pode existir. Precisamos mostrar que a natureza do nosso tempo está com problemas, porque usamos os recursos naturais sem considerar que ela precisa se reciclar para continuar a nos entregar serviços, como clima, solo, biodiversidade e água, que são indispensáveis. Quem tem um problema somos nós e não a natureza”, afirmou.

Se por um lado a mudança climática é extremamente grave, definir o limite do perigo pelo que não se vê, mas que sabe que vai acontecer, também é desafiador. Besserman enxerga o momento como uma oportunidade. “Isso é inédito. É a primeira vez na História da humanidade que precisamos tomar decisões importantes hoje para mudar a realidade dos próximos anos”.

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