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Publicado em 25 de fevereiro de 2013 | 3 minutos de leitura

Especialistas apontam defasagem nas escolas

SÃO PAULO — As escolas precisam aprender a lidar melhor com conflitos, aproximar-se mais da realidade dos alunos e investir em formação de professores, para que casos de violência diminuam, na opinião de especialistas.

 Para Miriam Abramovay, autora de livros sobre violência na escola e coordenadora da área de Juventude e Políticas Públicas da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, as escolas não estão conseguindo vencer a cultura da violência e não têm um diagnóstico sobre as razões de tantos conflitos no ambiente educacional.

 — A escola é muito defasada em relação à realidade dos alunos. Temos uma educação do século XIX para alunos do século XXI, com uma linguagem que não chega aos jovens. A escola é chata e entediante para os alunos. E isso cria conflitos — diz Miriam.

 Para Luciene Tognetta, pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral da Unicamp e da Universidade Estadual Paulista, ainda há um problema generalizado de formação de professores, que não são preparados para lidar com a agressividade de crianças, nem para se relacionar bem com elas. Na opinião de Luciene, os educadores não usam bem o tempo que têm para debater sobre a violência na escola.

 — Nos encontros semanais que os professores têm para discutir questões como essas, eles preparam festas juninas, vendem calcinhas e trocam receitas de bolo — diz Luciene.

 O pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP Renato Alves afirma que muitas vezes as escolas não dão a devida atenção a violências menores que acontecem em sala de aula, e elas acabam se transformando em algo maior.

 — A violência física é a ponta de um iceberg de outras violências que acontecem e não são tratadas. Ninguém dá um soco do nada. Começa com olhares, xingamentos e empurrões. Se o professor pede algo para o aluno, e ele responde de forma atravessada ou se o professor responde de forma atravessada, isso vira uma bola de neve — afirma.

 Segundo Alves, as escolas foram perdendo função ao longo do tempo e não se preocupam mais com a convivência e bons relacionamentos. De acordo com ele, se antes os colégios eram voltados para a formação de profissionais, hoje eles estão mais preocupados com a aprovação em vestibulares.

Fonte: www.oglobo.com.br – 25/02/13

 


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