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Publicado em 05 de março de 2012 | 4 minutos de leitura

Falta preparo para lidar com os distúrbios de aprendizagem

Muitas vezes professores se deparam com alunos que apresentam falta de concentração, inquietude, dificuldades na interação social e na comunicação, dificuldade de ler, escrever, soletrar e compreender um texto, desatenção, hiperatividade, dificuldade para compreender, aprender e realizar cálculos matemáticos, entre outras.

Essas são algumas características apresentadas por estudantes que sofrem com os chamados distúrbios de aprendizagem, como dislexia, discalculia, transtorno de deficit de atenção e hiperatividade, autismo, entre outros. E muitos são os professores que não sabem como lidar com estes estudantes, que demandam atenção e didática especiais.

A maioria dos educadores conhece as consequências comportamentais dos distúrbios, mas não as origens e nem como lidar com eles em sala de aula. Porém, segundo o psicopedagogo, Eugênio Cunha, para identificar tais transtornos na escola, é imprescindível que o professor os conheça e saiba como eles podem se manifestar no aluno.

Com este intuito, no último dia 11, professores participaram do encontro “Inclusão e Mediação Escolar: Criando alternativas para alunos com deficiência, autistas e outros transtornos correlatos”, realizado pela Creative Ideias.

A participação em eventos como estes é um das ações que docentes podem e devem colocar em prática para se capacitar a fim de atender melhor as crianças com distúrbios de aprendizagem. Vários profissionais, entretanto, destacam como problema a falta de capacitação para lidar com este tipo de público estudantil.

Dificuldade nas escolas públicas e particulares

A professora da Educação Infantil Renata dos Santos é mediadora e acompanha uma criança autista durante todo o tempo em que ela passa na escola. Para ela, as instituições de ensino não estão preparadas para receber alunos com esse tipo de necessidade. Segundo Renata, cursos de capacitação sempre ajudam, porém, na maioria das vezes são caros e pouco acessíveis.

Daiana de Freitas também defende os cursos de capacitação. A também professora da Educação Infantil, que dá aulas em um colégio particular, afirma que os professores devem procurar saber mais sobre esses transtornos, pois a graduação não passa esse tipo de conhecimento da forma como deveria.

Este ano será a primeira vez que Daiana terá contato com uma criança com distúrbios. Ela terá, na turma, um aluno autista. “A escola já tem outros autistas, mas é um grande desafio para mim e estou abraçando essa causa”, declara. Este é o mesmo caso da professora e mediadora Jéssica Araújo.

“Esse é o primeiro ano que vou ter contato com um aluno autista e tudo ainda é muito novo para mim. Estou buscando me preparar para recebê-lo. Mas muitos professores não são preparados para isso. A faculdade é muito teórica e pouco prática e as escolas ainda deixam muito a desejar”.

Amiga de Jéssica e professora do primeiro ciclo do ensino fundamental, Gabriela Reis ressalta uma realidade que, por vezes, não se apresenta muito claramente nas instituições de ensino: uma falsainclusão. Gabriela afirma que em todas as escolas particulares nas quais já atuou havia inclusão dessas crianças, mas não era uma inclusão real, verdadeira e sincera.

“A escola recebia esses alunos somente pela obrigatoriedade da lei, já que os colégios não podem se negar a matricular um estudante. Eles eram bem recebidos, bem tratados, mas os professores não erampreparados para isso. Todos os alunos com que tive contato tinham mediadores e eram eles que faziam todo o trabalho com estas crianças. É assim que funciona na maioria dos casos”, denuncia.

Fonte: Folha Dirigida


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