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Publicado em 05 de dezembro de 2014 | 5 minutos de leitura

Leitura e matemática: país é 6º entre 15 latinos 05 de dezembro de 2014

Uma nova pesquisa sobre a capacidade de leitura e escrita de Alunos do 4º e do 7º anos do Ensino fundamental trouxe mais uma má notícia para o Brasil. Mais de 60% dos nossos estudantes nessas séries não conseguiram atingir os níveis máximos de aproveitamento, deixando o país em sexto lugar entre 15 países da América Latina e do Caribe avaliados. O estudo foi divulgado ontem pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

O Chile lidera o ranking do Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Terce), seguido por Costa Rica e Uruguai. Além desses países, o México aparece na nossa frente. Em matemática, o Brasil figura em quinto lugar (quando se levam em conta os Alunos do 4º ano do fundamental) e em sétimo (para os estudantes do 7º ano), com o Chile sempre no topo. A República Dominicana ficou na lanterna (confira ao lado os rankings em cada uma das habilidades e séries).

MAIS DE 7 MIL ESTUDANTES AVALIADOS
O Terce foi aplicado no ano passado, numa amostra de Escolas públicas e particulares representativa de cada um dos 15 países. No Brasil, foram avaliados 7.408 estudantes de 220 Escolas, em quase todos os estados.

Em leitura, 64% dos estudantes brasileiros não conseguiram atingir o nível bom ou ótimo, ante 35% dos chilenos e 69% do conjunto de Alunos dos 15 países; em matemática, 61% não chegaram aos melhores níveis, ante 39% dos chilenos e, novamente, 69% da média dos estudantes do subcontinente.

Nesse aspecto, no caso brasileiro, o Terce indica que as crianças do 4º ano do fundamental estariam pior do que as do 7º ano. Afinal, a maioria dos Alunos brasileiros do 7º ano teve desempenho bom e ótimo: 53%, em leitura, e 52%, em matemática. Avaliações do Ministério da Educação indicam, contudo, que a aprendizagem tem avançado mais nas séries iniciais do que nas séries finais do fundamental.

O especialista de Programa do Escritório Regional de Educação para América Latina e Caribe da Unesco Moritz Bilagher disse que o subcontinente melhorou desde a última avaliação do gênero, realizada em 2006.
— A região avançou, mas há muito ainda a ser feito — resumiu.
A pontuação brasileira melhorou em todos os segmentos, quando se comparam os exames de 2013 e 2006. O levantamento daquele ano foi chamado de Segundo Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Serce). O maior avanço ocorreu em matemática, entre os Alunos do 4º ano, cuja nota subiu de 505,03 para 539,54, um acréscimo de 34,51 pontos. O líder Chile obteve 582,44. De acordo com a Unesco, porém, o Brasil ficou estagnado em leitura, no caso do 7 º ano do fundamental, já que o aumento de 3,61 pontos não foi considerado estatisticamente relevante.

— Tivemos desempenhos compatíveis com o que já sabemos. O Brasil é um transatlântico: qualquer movimento aqui exige recursos, exige orientações muito grandes. Este é um país onde a Educação está caminhando — disse Francisco Soares, presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao MEC. — Agora, é lógico que os resultados brasileiros não estão, nem neste exame nem noutros, no ideal que nós queremos. Por isso é que nós falamos tanto na melhoria da qualidade da Educação, que significa a melhoria do aprendizado.

ESPECIALISTA DESTACA MELHORA
Na mesma linha, o presidente da Associação Brasileira de Avaliação Educacional ( Abave), Ruben Klein, afirmou que o país já superou a fase em que a inclusão de um grande contingente de Alunos, a partir da década de 1990, havia contribuído para jogar para baixo as médias nacionais: — O Brasil melhorou. Um dos coordenadores do Terce, Atilio Pizarro lembrou que o Chile ficou em 51º lugar no Pisa, outra avaliação internacional, realizada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) em países das Américas, da Europa, da Ásia, da África e da Oceania.

A exemplo do Pisa, o Terce mede conhecimentos também em ciências, mas o relatório não traz dados do Brasil, já que o país, assim como o Chile, não participou da prova de ciências em 2006, quando essa disciplina era voluntária no exame da Unesco. Segundo o Inep, a média brasileira foi de 499,49 pontos na prova de ciências. Dos sete países com resultados em 2006 e 2013, a Colômbia teve o melhor desempenho: 526,5.

Fonte: O Globo – 5/12/2014


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