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Publicado em 13 de maio de 2019 | 5 minutos de leitura

Morre aos 85 anos o ex-presidente do Sinepe Rio Victor Notrica

Morreu na manhã deste domingo, aos 85 anos, o ex-presidente do Sinepe Rio, Victor Notrica. O professor estava internado no hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, com pneumonia e teve complicações decorrentes de um quadro de enfisema e infecção respiratória.

Professor de Química, Notrica fundou o tradicional  Curso Miguel Couto e teve atuação destacada durante muitos anos como diretor, e depois como presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Educação Básica do Rio de Janeiro,  nas gestões (2010/ 2013 e 2016/ 2017.  

Nascido na Antuérpia, na Bélgica, em 1933, de pai ítalo-grego de origem judaica e mãe turca, Victor Notrica chegou ao Brasil com 7 anos de idade, fugindo da Europa nazista com a família.

Na juventude, tudo indicava que sua carreira rumaria para a geografia, uma grande paixão, mas, ao ingressar na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil (atual UFRJ) para seguir na licenciatura, encantou-se pela Química.

Depois de se formar, em 1955, foi convidado a ensinar Química no tradicional Colégio Andrews, onde trabalhou até meados dos anos 1960, quando fundou o Curso Miguel Couto, inicialmente preparatório para o vestibular, mas que depois comprou alguns colégios, a exemplo do Instituto Guanabara, na Tijuca, e o Colégio Princesa Isabel, em Botafogo.

Sobre a experiência no Andrews, ele falou em uma entrevista ao site da instituição, em 2007, por ocasião dos 90 anos da escola: “Escolhi fazer a licenciatura por vocação. Na minha geração o sonho do professor era poder trabalhar em um colégio da estatura do Andrews. Tudo que aprendi em termos de escola foi no Colégio Andrews, que é a pedra preciosa dentro do meu currículo, vale mais do que títulos”.

Atual diretor do Andrews, Pedro Flexa Ribeiro, filho de Carlos Flexa Ribeiro, que foi secretário de Educação e Cultura da Guanabara, durante o governo de Carlos Lacerda, nos anos 1960, lembra com carinho de Victor.

— Ele e meu pai eram muito próximos, e se respeitavam muito, inclusive nesse movimento de se desligar (do Andrews) para empreender. Victor é uma pessoa que participou de três gerações da minha família. Ele teve na carreira essa felicidade de conciliar a sala de aula com a gestão. Era um educador muito completo. Ficamos todos um pouco órfãos — recorda Flexa Ribeiro, que também é diretor do Sinepe Rio, onde diz ter sido recebido de “maneira calorosa e acolhedora” por Notrica, então presidente.

Crítico dos rankings e da política educacional do país

Ainda segundo Flexa Ribeiro, o educador tinha uma postura “muito vanguardista e sábia” em relação à educação.

— Ele foi um educador lúcido e sábio. Era crítico ferrenho dos rankings, e isso eu posso testemunhar. Também sempre atuou para que houvesse uma discussão mais sábia sobre o currículo, o vestibular e, mais recentemente, o Enem.

Atual presidente do Sinepe Rio e amigo há mais de 40 anos de Notrica, o também educador Jose Carlos da Silva Portugal, fundador da Rede MV1, diz que “Victor é dono de uma trajetória brilhante, capaz, honesta e ética”, e destaca o trabalho dele na defesa da educação privada.

— Foi um grande defensor da educação privada como um direito de escolha da família, e não uma concessão. É um direito à liberdade.

 O professor Victor Notrica deixa dois filhos, a educadora Sylvia Notrica Morard e o publicitário Raoul Notrica,

Segundo a família, o corpo do professor Victor será cremado nesta terça,14,  em cerimônia marcada para as 10h30, no Cemitério do Caju.

Com informações do Jornal O Globo


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