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Publicado em 11 de agosto de 2015 | 4 minutos de leitura

O desafio dos novos caminhos para educar e aprender

Por Juliane Oliveira

“O medo é o grande inibidor da aprendizagem. Quando você tem muito medo você se defende mais do que ousa. O professor precisa ousar mais, sair do medo e avançar”. Essa foi a mensagem desafiadora de José Moran, doutor em Comunicação pela USP, no Congresso Rio de Educação 2015, no dia 8 de agosto.

Ao falar sobre o tema “Novos modelos de ensinar e aprender hoje”, o professor mostrou algumas experiências de escolas inovadoras com currículo mais flexível, com ênfase em metodologias ativas, tempos de aprendizagem individual e aprendizagem por desafios em grupo. Segundo ele, esse modelo equilibra o conhecimento intelectual, os valores humanos e os projetos de vida de cada aluno, com apoio das tecnologias digitais.

“Buscar o caminho único, o passo a passo que estava entranhado na cultura escolar, é complicado em um período em que as coisas estão complexas e rápidas. Precisamos de uma aprendizagem ampla. A maior parte das pessoas sai da escola sem aprender o principal: construir um projeto de vida realizador, ser uma pessoa livre, ter paz e equilíbrio. É isso que precisamos passar para os alunos”, destacou.

Moran criticou a situação da educação na escola que fala muito sobre tecnologia, mas ainda não soube se reinventar. “Precisamos sair de uma visão fixa e previsível para outra dinâmica, aberta a novas informações, pessoas e situações. A escola hoje ainda é muito fixa e previsível. É necessário sair da caixinha da resposta única. Precisamos diminuir os medos, aceitar os erros como parte necessária do processo de evoluir e inovar”.

O professor apontou como urgente a necessidade de inverter a forma tradicional de ensinar. Ele contou sobre sua experiência de ouvir seus alunos para mudar a forma que ensinava e aprender mais sobre o papel do digital na aprendizagem, função que começou a desempenhar há 25 anos. “Projetávamos naquele momento uma escola diferente, totalmente centralizada no aluno. Vinte e cinco anos se passaram e até hoje só falamos, mas não fazemos. A tecnologia está aí, todo mundo está conectado, mas nós continuamos discutindo o assunto e não mudamos nada. O educador, apesar de ser especialista em aprendizagem, não aprende tudo que pode. Ele tem medo de aprender muito. Teme que isso lhe cobre mudanças profundas”, alertou.

Para Moran, o papel do professor hoje não é explicar o básico, pois isso o aluno aprende sozinho. Ele pesquisa e já chega na sala de aula sabendo. O papel do professor é ensinar o avançado, ampliar sua função e ser orientador, mentor e designer de roteiros pessoais e grupais de aprendizagem, de projetos profissionais e de vida para seus alunos.

Dentre alguns caminhos propostos por ele, está a Educação Híbrida, que consiste em integrar as diferentes áreas do conhecimento, os conteúdos e sua abrangência – intelectual, emocional e comportamental -, para ensinar e aprender; além de currículos interdisciplinares, flexíveis e integradores, que tenham como eixo transversal e fundamental o projeto de vida.  “Não vamos revirar a educação, mas se cada um fizer uma ação pequena diferente, com experimentações em vários campos, teremos uma mudança na rotina das escolas e, consequentemente, na vida dos alunos”, ressaltou.

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