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Publicado em 02 de maio de 2013 | 6 minutos de leitura

OBESIDADE INFANTIL: um desafio também para as escolas

Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada no perído 2008/2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada três crianças com idade entre 5 e 9 anos estão com peso acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde. O índice de jovens de 10 a 19 anos com excesso de peso passou de 3,7%, em 1970, para 21,7%, em 2009.  A situação é alarmante e já virou questão de saúde pública. A prevenção à obesidade infantil é um dos pontos da campanha “Saúde nas Escolas 2013”, lançada em março pelo Ministério da Saúde.

Diante dessa situação, a alimentação infantil tornou-se uma preocupação para os pais. Embora não seja tarefa da escola cuidar da alimentação de crianças e jovens, as instituições de ensino podem e devem contribuir para a formação de hábitos saudáveis.

Especialista em educação e diretora do Esil Educacional, Débora Dias Gomes diz que as escolas precisam conscientizar e sensibilizar as famílias. Na instituição que dirige, não há um projeto específico para o tema, o que não significa que ele não seja trabalhado. “Abordamos a questão de maneira transversal em diversas disciplinas. Há uma preocupação em incentivar a alimentação saudável dentro da rotina escolar. Na educação infantil, por exemplo, uma vez por semana as crianças são convidadas a trazer uma fruta, que serve também para o trabalho pedagógico. Assim, vão conhecendo e aprendendo a gostar do que faz bem”, avalia a diretora.

Além disso, a escola adota refeições balanceadas, ricas em legumes e verduras, para as crianças. Para Débora Dias Gomes, as ações do dia a dia podem ajudar na transformação da mentalidade das crianças e também dos pais. “As escolas podem fazer pequenas ações para mostrar a importância e os benefícios de uma alimentação saudável. Além disso, devem orientar os pais e montar estratégias para a criação de uma cultura saudável”, diz Débora.

É importante que educadores tenham consciência e conhecimento dessas questões e estejam prontos para sanar dúvidas e orientar os pais para preparar lanches adequados.  No início deste ano, a engenheira Maria V. S. Barros mudou o filho de escola. Entre as insatisfações com a instituição de ensino estava a falta de orientação na questão alimentar. “A escola não pode ser omissa. Acho que ela pode e deve orientar”, queixa-se a mãe, explicando que essa não foi sua única insatisfação, mas pesou na hora de decidir por uma mudança.

Os problemas que o excesso de peso podem gerar são muitos. Uma criança obesa tende a ser um adulto obeso, com maior probabilidade de desenvolvimento de doença renal crônica e da hipertensão arterial sistêmica — doença silenciosa, que costuma evoluir para infartos, AVCs, etc —, entre outros problemas.

De acordo com Sylvio Renan Monteiro de Barros, da MBA Pediatria, o sobrepeso e a obesidade em crianças resultam da diminuição de exercícios, em consequência da diminuição de espaços, agravados pela ingestão de alimentos com maior quantidade de carboidratos, açúcar e gorduras.

Na avaliação do pediatra, a melhor prevenção é uma educação alimentar com oferta balanceada, de alimentos, equilibrando todos os nutrientes necessários a um crescimento saudável. “A isso se incorpora a criação de uma cultura para exercícios físicos, através da prática de esportes e de brincadeiras em que a criança se movimente mais” — explica o médico, alertando que a prática de exercícios não é o suficiente para combater os danos causados por uma alimentação inadequada.

 Como despertar o gosto por uma alimentação saudável

Para despertar o gosto pela alimentação saudável, o pediatra Sylvio Renan Monteiro diz que é importante explicar para as crianças o que é bom para a saúde e para o crescimento.  “Uma atividade fácil de ser praticada é levar a criançada ao supermercado ou ler livros relacionados à alimentação”, aconselha. Além disso, o médico diz que as crianças devem ser orientadas a não ingerir alimentos pouco saudáveis, como doces e balas.

Na opinião do médico, proibir não é a saída. “O bom senso vale para estes casos específicos. Escolha um determinado dia para ‘liberar’ esses alimentos, fazendo com que seja uma maneira divertida e que já ensina que é preciso ter disciplina também na alimentação. As crianças podem comer (quase) de tudo, mas há certos alimentos que devem ser consumidos com moderação por fazerem mal à sua saúde – por exemplo, frituras, lanches de fast-foods, refrigerantes e doces”, a lerta Sylvio Renan.

Para os pais preocupados com o que os filhos consomem na escola, a dica é preparar a lancheira com alimentos saudáveis, contendo frutas em geral, pão integral com queijo fresco, torradas integrais, amêndoas, nozes,  castanhas, biscoitos sem recheios, sucos naturais, iogurtes naturais (sem corantes), evitando-se as frituras, os refrigerantes, bolos e bolachas com recheios e doces em geral.


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