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Publicado em 29 de maio de 2014 | 10 minutos de leitura

Os desafios para uma gestão de sucesso

Administrar uma empresa exige do profissional uma série de qualidades: conhecimento teórico, conhecimento do negócio, capacidade de comunicar, delegar e, principalmente, saber liderar.  Em uma escola não é muito diferente, um bom gestor escolar deve ter essas habilidades. O que difere é que na administração de uma instituição de ensino o sucesso administrativo pode ser mensurado pela aprendizagem do corpo discente, pela qualidade do ensino oferecido.

“O sucesso acadêmico de uma escola é aquilo que ela consegue acrescentar à bagagem que o aluno já traz. É o valor agregado”, avalia João Batista de Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB), organização sem fins lucrativos que trabalha em parceria com escolas públicas de vários estados, com o objetivo de garantir às crianças uma educação de qualidade.

Para o presidente do IAB, que atuou em instituições como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, e o Banco Mundial, em Washington, as escolas devem definir seus objetivos e público-alvo e manter-se fiel a sua filosofia para atrair os alunos.

João Batista, da Alfa e Beto

“Às vezes, o que vemos é a escola fazer de tudo para adequar-se ao seu público-alvo. Ela perde a função de escola, e isso é resultado de uma administração errônea. Escola tem que ter cara de escola, não pode se furtar ao seu papel”, afirma João Batista.

O educador acredita que alguns aspectos são cruciais para um bom resultado: professor qualificado, currículo e metodologia únicos e aliança com os pais. “A contratação de bons profissionais é fundamental para garantir o sucesso da aprendizagem. É preciso selecionar bem na hora de contratar. Não adiantar contratar um profissional fraco achando que ele poderá melhorar com um treinamento posterior. O treinamento é importante, mas é um complemento. O professor já deve chegar com amplo conhecimento e domínio do conteúdo”, afirma João Batista.

O currículo e a metodologia de trabalho também merecem atenção. De acordo com o professor, a escola deve ter um conteúdo e metodologia únicos para cada série, que devem ser respeitados pelos professores. “Imagine um aluno que muda de turno e quando chega na nova turma vê uma matéria totalmente diferente? O conteúdo único, assim como uma metodologia padrão, facilita a vida do acadêmico, e as escolas particulares têm condições de fazer isso – criar propostas para serem adotadas por todos.”

O especialista em gestão Arthur Motta

Para Artur Motta, doutor em Educação pela PUC-Rio e especialista em gestão, não dá para pensar em administração escolar sem automaticamente, lembrar da questão pedagógica.

“Cada escola deve ter clareza da realidade de seus educadores, saber com segurança onde quer chegar e conseguir estabelecer os passos necessários para caminhar da realidade concreta à realidade desejada. Com esse diagnóstico, é possível estabelecer um processo de formação permanente, no qual se aprenda a cada minuto da prática cotidiana, ao mesmo tempo que se reflete e aprende sobre ela em espaços e tempos programados para isso. Esse processo, quando bem conduzido, costuma resolver muitas das questões pedagógicas”, diz  Motta, lembrando que é preciso manter mecanismos de avaliação para o aperfeiçoamento do processo e a qualificação dos professores.

Mas a gestão educacional não se resume à questão da aprendizagem. É preciso não descuidar da parte administrativa, que deve estar ligada à pedagógica. “A gestão administrativa é ‘meio’ e a gestão pedagógica trabalha com os ‘fins’ da escola – é o seu ‘core business’. Porém, toda vez que elas se separam, as consequências não são para uma ou outra, mas para a instituição como um todo. Essa união, portanto, deve ser feita com clareza quanto às possibilidades e limites de cada área, ao mesmo tempo que se caminha na aprendizagem dos espaços comuns que já sejam possíveis a elas”,  afirma Artur Motta.

Embora o diretor seja a figura central, o responsável legal, judicial e pedagógico pela instituição, a responsabilidade administrativa  não é só dele. Para um bom resultado é preciso uma equipe competente, consciente e comprometida.  Para além do diretor, há ainda o coordenador pedagógico, que responde pelos professores e alunos, e os supervisores – eles, assim como todos os funcionários, contribuem para o bom andamento do processo.

Mas não há uma fórmula mágica: cada escola deve encontrar seu modelo de gestão. Para Artur Motta, uma gestão eficaz é aquela que conta com a participação de todas as instâncias, administrativas e pedagógicas, em Conselhos e outros órgãos colegiados, em que se definem conjuntamente as grandes linhas de ação da escola.

“Administrar bem, para mim, é promover cotidianamente a síntese desses dois movimentos, de onde brotam as melhores experiências, iniciativas e práticas. Em resumo, diria que escola bem administrada é aquela que realiza seu Projeto Político-Pedagógico de modo eticamente responsável, institucionalmente sustentável e politicamente comprometida. No caso da escola particular, acrescentaria, ainda, mercadologicamente viável”, conclui Artur Motta.

Marketing educacional: uma 

ferramenta a favor dos gestores

O estudioso de Marketing Educacional Rafael Villas bôas

O aprendizado é a meta a ser atingida na questão pedagógica. Já na parte administrativa, o gestor deve se preocupar com questões de infraestrutura, gestão de pessoas e outros aspectos e um dos desafios para manter uma instituição saudável é a preocupação com o relacionamento com alunos e pais. Reter os estudantes e aumentar o número de matrículas também fazem parte da responsabilidade de um bom gestor escolar, e, neste aspecto, o marketing surge como ferramenta de apoio.

Para alcançar essas metas, alguns cuidados podem ser tomados. De acordo com Rafael Villas Bôas, da Hoper Educação,  a melhor forma de garantir a matrícula é investir na comunicação, no marketing, mas isso deve ser um compromisso para todo o ano e não apenas neste período.

Segundo o especialista, é preciso que os gestores conheçam e dominem os indicadores de marketing da escola, pois cada campanha leva a uma ação. “No processo formal de marketing, as estratégias são concebidas e executadas para atingir um objetivo. E cada mantenedor, cada diretor de escola, tem um sonho, uma visão da sua empresa amanhã. Então, as estratégias precisam apontar nessa direção: ser a maior, a melhor, associado à tradição e valores, valores humanos, valores cristãos”. Existe uma miríade de objetivos a serem perseguidos e de estratégias para alcançar cada uma dessas metas e o mar­keting é o caminho para a escola alcançar seu futuro. Esse é seu principal benefício”, diz Rafael Villas Bôas. Ele lembra, que apesar dos objetivos diferentes, as escolas possuem problemas comuns: captação e retenção de alunos, inadimplência, aumento da concorrência e uma rotina bastante agitada.

“Existem estratégias de mar­keting para esses problemas comuns. A época de campanha de matrículas é um desses momentos críticos das escolas e comum a todas elas. Essa campanha absorve uma parte substancial de recursos. Contudo, é necessário desenvolver ações institucionais ao longo do ano para facilitar o processo mais promocional, nesse momento de captação de alunos”, orienta Villas Boas.

Na era da tecnologia, as redes sociais podem e devem ser usadas, mas, para que alcancem a meta, é preciso que alguns cuidados sejam tomados. “Sabemos, por meio de pesquisas sérias, que o canal com mais credibilidade é a ‘recomendação de conhecidos’. E essa recomendação dá-se nas redes sociais. Esse é um processo aparentemente caótico, mas efetivamente gerenciável. O não gerenciamento, inclusive, pode ser uma séria ameaça à escola, posto que sua marca estará exposta sem alguém que a defenda e responda institucionalmente por ela.  Contudo, não estar presente nesse meio é perder um canal de relacionamento que pode ser rico para ações ativas de comunicação”, ressalta Rafael Villas Bôas.


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