A data ou datas das provas do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) ainda não foram confirmadas pelo MEC, mas a preocupação, essa sim, já existe na cabeça dos milhares de alunos e também dos diretores de escolas. Isso se justifica, em virtude dos muitos problemas ocorridos no ano passado: questões mal formuladas, enunciados longos e cansativos, erros de impressão, gabaritos invertidos, além dos vários questionamentos na justiça.
Mas de todos esses problemas, dois espero que não se repitam este ano. O primeiro é em relação ao mês em que a prova será realizada. É um absurdo que o exame seja aplicado antes do final do ano letivo. Se isso acontecer, os alunos que ainda estão cursando o ensino médio sairão em desvantagem em relação aos alunos que já concluíram o curso, uma vez que não teriam dado todo o conteúdo previsto no currículo.
Outra coisa que não deve e não pode acontecer é a divulgação do ranking, que divide as escolas em dois grupos: aquelas do topo da lista – formadas na sua grande maioria de escolas particulares – e aquelas da parte de baixo – compostas pelas escolas da rede pública.
Fico triste com isso, porque, como educador da iniciativa privada, imagino como os professores da rede pública devem se sentir, vendo a colocação de suas escolas – quase sempre nos últimos lugares. Isso é uma medida extremamente perversa. Os professores e os alunos não merecem. Se suas escolas não conseguiram alcançar uma boa colocação, isso não é culpa deles.
Essa comparação é descabida, uma vez que o ensino oferecido nas escolas particulares, em geral, é de qualidade superior ao oferecido nas públicas. E, além disso, as escolas particulares passaram a investir ainda mais na preparação de seus alunos para enfrentar o exame. Com mais recursos, é lógico que acabam saindo na frente e obtendo as melhores colocações.
*Victor Notrica é presidente do Sinepe Rio