Fonte: R7 – 4/3/2016
Ler ajuda a desenvolver a criatividade, a comunicação verbal e a escrita. Uma criança apaixonada por livros descobre novos interesses e desenvolve melhor as ideias. Mas, para transformá-la em leitora voraz, não basta ter uma enorme coleção de títulos nas prateleiras de casa.
De acordo com Karine Pansa, sócia da editora Girassol Brasil, pesquisas com crianças comprovam que quem cria pequenos leitores são os pais. Mas não exatamente dando livros às crianças.
— Eu vejo como muito importante o hábito de leitura dos pais. A criança vai olhar para o pai lendo e vai ficar no mínimo curioso. E se o pai tiver tato nessa hora vai conseguir despertar o interesse dela.
Aí, sim, é hora de levar o pequeno à livraria para abrir, folhear, tatear e observar os livros disponíveis. Depois de muito explorar as prateleiras da loja, a criança pode receber a ajuda dos pais para escolher a próxima leitura, mas a opinião dela é sempre mais importante.
Professores também são responsáveis pela formação de novos leitores. Os livros paradidáticos são, geralmente, leitura obrigatória, e podem cair no gosto dos alunos se abordarem temas que os interessem.
Para Karine, todos os tipos de livros trazem benefícios à criança. Aqueles mais sensoriais, que parecem brinquedos, promovem o desenvolvimento psicomotor das crianças menores. Os de curiosidades informam e ampliam os conhecimentos das crianças, e os que têm histórias de ficção aprimoram a comunicação verbal e escrita, ampliam o vocabulário e estimulam a imaginação.
Mesmo os livros com certas doses de violência são bem vindos e podem proporcionar experiências positivas aos pequenos. Quem garante é a autora Ana Luísa Lacombe, que escreveu Quanta História Numa História! e Pedalando, Pedalendo, Pedalindo.
— Eu sou do grupo que apoia a crueldade, o mundo sombrio, o mundo que não tem explicação, esse abandono que ninguém sabe por quê, esses pais que desaparecem. Porque a vida não é tão arrumadinha assim. Quando você pega uma história e bota ela toda arrumadinha para a criança, está dando uma falsa informação, enganando e fingindo que o mundo é cor de rosa, mas ele às vezes não é.
Ana explica que as crianças sentem medos, e histórias com abandono, como João e Maria, e agressões, como Os Três Porquinhos, ajudam a elaborá-los.
— Os pais só devem evitar uma história quando ela é preconceituosa, quando quer impor alguns dogmas que eles não acreditam, ou quando traz violência de maneira gratuita. Nos contos de fadas a violência é sempre envolvida em um mundo de fantasia, que é irreal. Então, esse tipo de violência vai se relacionar com o mundo do inconsciente.