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Publicado em 06 de abril de 2016 | 5 minutos de leitura

Pedagogia com formação em libras promove inclusão de alunos surdos

“Para falar de inclusão para a pessoa surda precisamos falar de educação bilíngue: as dinâmicas em sala de aula devem ser diferenciadas para o aluno surdo”, defende Waléria Vaz, 39 anos, coordenadora do curso de pedagogia bilíngue libras-português do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG). Segundo ela, é preciso valorizar a língua brasileira de sinais (libras) e as diferentes metodologias para que a inclusão da pessoa surda aconteça.

Nesse sentido, o processo de seleção do curso, tanto no edital quanto na prova e também na redação, foi um diferencial de acessibilidade. Uma amostra disso é que 33 alunos fazem parte do segundo ano da graduação bilíngue e, desse total, seis são surdos – cinco a mais do que no ano passado.

Ainda de acordo com a coordenadora, a formação de professores bilíngues para atuar na educação infantil e no ensino fundamental facilita muito o processo de aprendizagem dos alunos surdos. Isso quer dizer que crianças surdas serão alfabetizadas, primeiro, na língua materna, a libras; depois, na segunda língua obrigatória, o português.

“Assim fica muito mais tranquilo: o surdo vai ser atendido na língua dele, e o processo vai caminhar de igual para igual, como se fosse uma criança ouvinte”, afirma Waléria Vaz.

Outra novidade no curso de graduação bilíngue é a presença do primeiro professor surdo. Aprovado no último concurso, Diego Leonardo Pereira, 31, é formado em letras–libras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Especialista na área, ele comenta a oportunidade de ensinar o que aprendeu. “Estou amando a experiência. Um curso tão inovador, que me possibilita ajudar minha própria comunidade, se torna ainda mais especial”, diz. “Vejo nesse curso um futuro melhor para a educação das pessoas surdas no Brasil.”

Diferença — Aluna do curso, Danila Urzeda de Souza, 33, reforça que ter um professor surdo ou que use a libras faz toda a diferença. “Cresci uma surda oralizada, com pouco uso da língua de sinais”, afirma. Ela passou a ser usuária da libras há mais de dez anos. “Ter essa disciplina em todo o curso é essencial”, diz. “Hoje, só consigo ver e ler o mundo por meio dessa língua.”

A partir da própria experiência, somada ao que vem aprendendo no curso, Danila acredita que frequentar um ambiente linguístico rico e ter contato com adultos surdos ajuda as crianças e seus familiares a se sentirem seguros e a compreender melhor o universo da surdez.

Para adequar o atendimento às pessoas surdas, a instituição realizou um treinamento especializado com seus servidores e oferece intérpretes de libras para o auxílio aos alunos. Segundo Waléria, outros estados, como Rio de Janeiro, Pará e Mato Grosso, já manifestaram interesse na criação do curso de graduação bilíngue libras–português.

Legislação — A língua brasileira de sinais começou a ser regulamentada no país em 1993. Mas apenas em 2002 a libras foi oficialmente reconhecida e aceita como forma de comunicação e expressão da comunidade surda, por meio da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002.

Em 2005, com o Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro, a libras foi determinada como disciplina curricular obrigatória para todos os cursos de licenciatura e fonoaudiologia, nas diferentes áreas do conhecimento. Para os demais cursos de educação superior e profissional, a disciplina é optativa.

Outra grande conquista para o movimento aconteceu em 2010, quando a profissão de tradutor–intérprete de libras foi regulamentada pela Lei nº 12.319, de 1º de setembro.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do MEC

 




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