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Publicado em 14 de novembro de 2014 | 6 minutos de leitura

PF e Inep investigam possível vazamento de redação do Enem

A Polícia Federal no Piauí instaurou inquérito para investigar um suposto vazamento do tema da redação do Enem 2014. Um estudante de Teresina denunciou o caso à superintendência local. Segundo nota da PF, todos os envolvidos no caso já estão sendo ouvidos no estado.

O candidato Jomásio Barros, de 17 anos, gravou um vídeo após a prova de domingo mostrando que teria recebido uma foto com a cópia da proposta “Publicidade infantil em questão no Brasil” às 10h47m daquele dia (11h47m de Brasília), antes do horário oficial de início do exame, às 13h. Na tarde de anteontem, ele entregou seu celular à Superintendência da Polícia Federal para perícia do material. No vídeo, que ter ia sido gravado às 14h14m de domingo (15h14m de Brasília), Jomásio aparece retirando o aparelho telefônico de dentro de um saco lacrado fornecido pelo Inep para depósito de material proibido durante o Enem. Outros três candidatos do Piauí contaram ao GLOBO terem recebido a mesma mensagem.

MEC: PROCESSO ESTÁ BEM CONDUZIDO
O ministro da Educação, Henrique Paim, disse ontem, ao “Jornal Hoje”, da TV Globo, que o MEC está “seguro de que o processo está sendo muito bem conduzido”. Paim afirmou que é preciso ter uma condução cor re ta sobre o assunto. — A PF é a instituição que deve fazer esse processo. Já abriu o inquérito e está identificando o que ocorreu, e em breve vamos ter o resultado dessa investigação — assegurou o ministro. A imagem com o tema da redação ter ia circulado em diferentes grupos de WhatsApp antes da prova. Jomásio, por exemplo, afirmou no Facebook que recebeu a foto de um grupo da rede social do qual participam cerca de 40 pessoas. Num primeiro momento, ele não tinha acreditado na imagem que recebera pela manhã. Mas, ao fazer o exame à tarde, se deparou exatamente com a mesma prova.

Ao chegar em casa, o estudante gravou o vídeo com a denúncia. Candidato a uma vaga no curso de Engenhar ia Civil na Universidade Federal do Piauí, Carlos Eduardo Martins Oliveira, de 17 anos, diz ter recebido a imagem com o tem a da redação às 10h54m (11h54m de Brasília) num grupo de WhatsApp com cerca de 20 pessoas, na cidade piauiense de Campo Maior . De início, ele também duvidou do conteúdo, devido a boatos anteriormente divulgados, mas tomou um susto quando confirmou o tema ao abrir o caderno de perguntas. — No sábado já tinha chegado um vídeo com uma pessoa folheando uma suposta prova, o que foi desmentido pelo Inep. No domingo, re cebi uma mensagem dizendo que o tema seria racismo no futebol e, logo depois, essa imagem com o tema da publicidade infantil — disse Carlos Eduardo. — Guardei o meu celular e fui fazer a prova. Quando abri, fiquei muito triste, porque é um exame único para entrar na universidade. Fiquei abalado, porque achei que ia ser anulado. Resolvi continuar fazendo, porque meu futuro estava em jogo. Acredito que vazou, mas talvez possa ser apenas regional. Agora cabe à polícia investigar .

“PENSAMOS QUE ERA MAIS UM BOATO”

Larissa Campos, de 17 anos, estava ao lado do seu primo em Campo Maior quando viu a mensagem pipocar no grupo de WhatsApp “Herois do jenipapo” no mesmo horário. — Pensamos que era mais um boato. Quando vi que era verdade durante a prova, até pensei que já tinha re percutido nacionalmente. Sab ia que outras pessoas também tinham visto e passado por isso. Publiquei no meu Instagram e no meu Facebook. Outras pessoas se beneficiaram e nós ficamos prejudicados, porque estudamos durante três anos — lamentou Larissa, que sonha com uma vaga em Medicina. O estudante Guilherme Augusto, também do município de Campo Maior, confirmou ter recebido a mesma imagem no mesmo horário em outro grupo de WhatsApp que reúne 34 pessoas.

—Recebemos a mensagem antes da prova de um outro grupo de Teresina. Pensei que era falsa, porque no dia anterior também havia rolado boatos, como acontece todo ano — contou Guilherme. Em nota, o Inep informou que a Polícia Federal está investigando o caso, já apreendeu o celular e está realizando perícias no aparelho telefônico — teoricamente, é possível alterar o horário do telefone, daí a perícia.

O Inep disse ainda que, desde o início do exame, outras denúncias for am recebidas e, quando apuradas, todas se mostraram infundadas . “O Inep trabalha em conjunto com a Polícia Federal para dar, cada vez mais, rigor e segurança à aplicação do exame, garantindo assim a isonomia entre os participantes”, informa a nota. Jomásio postou no Facebook a imagem da redação às 15h41m da tarde de domingo, enquanto a prova ainda estava sendo aplicada em todo o Brasil: “E agora???????? Como um exame à nível nacional (sic) pode ser totalmente seguro e confiável se o tema da proposta de redação já tinha chegado até em mim… “, escreveu Jomásio. 

Fonte: O Globo – 14/11/2014


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