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Publicado em 05 de julho de 2016 | 4 minutos de leitura

Qual o papel da escola na formação ética e moral dos estudantes?

Fonte: Portal O Globo – 5/07/2016

 POR RICARDO FALZETTA

 A Educação escolar não é a única responsável pela formação ética e moral dos cidadãos, mas tem uma parcela importante de responsabilidade. Mas você sabe qual é a diferença entre ética e moral? Yves de La Teille, professor da Universidade de São Paulo, define a moral como o conjunto de normas sociais que permite que as pessoas vivam com um certo grau de tranquilidade, já que toda vida comunitária pode gerar conflitos. A ética, por sua vez, está relacionada a questões culturais e às decisões dos indivíduos, que podem se comportar de acordo com as normas ou não.

É importante lembrar que ninguém nasce com esses conceitos aprendidos e incorporados! Como seres sociais que somos, vamos desenvolvendo e aprendendo sobre moral e ética ao longo da vida. A escola, como uma das primeiras experiências de vida em sociedade, é fundamental, portanto, como espaço para essa aprendizagem. A instituição deve se comportar moralmente, zelando pelo respeito e bom convívio de todos. Porém, esse aprendizado não se dá por uma aula ou disciplina, por exemplo, mas de forma institucionalizada: a ética e a moral devem ser incorporadas ao projeto político pedagógico da escola e fazer parte da prática escolar.

Podemos exemplificar essa questão com o dilema sobre proibir ou não os celulares e eletrônicos nas escolas. No estado de São Paulo, existe uma lei que proíbe o uso dos aparelhos dentro da sala de aula. Se professores e alunos tivessem desenvolvido um senso de moral forte, compreendendo que é falta de respeito atender uma ligação ou trocar mensagens durante uma aula (assim como durante uma peça de teatro ou uma sessão de cinema), a lei seria necessária?

Vários outros exemplos podem ser mencionados. O professor que falta sem motivo ou que usa o horário de planejamento para cuidar de assuntos pessoais, o aluno que rouba a prova da secretaria para tirar uma cópia (e ainda acha que está se favorecendo), os pais que inventam uma desculpa para não participar da reunião na escola e depois criticam as regras da própria instituição. Todos esses casos podem ser classificados como comportamentos antiéticos, concorda?

Infelizmente, em muitas escolas, essas questões ainda não estão bem resolvidas. Mudar não é fácil, e essas mudanças acontecem em ritmo lento. Em um primeiro momento, pode ser que a escola precise de muitas regras, para ir reduzindo-as aos poucos. Professores e gestores têm um importante protagonismo nesse movimento, que requer persistência, planejamento e monitoramento.

Quando entramos em uma escola que já tem a ética e a moral como base de suas práticas, a diferença é nítida. É possível enxergar mais participação das famílias nas escolas, respeito entre alunos e professores e um ambiente acolhedor. Essa, com certeza, é a escola que todas as nossas crianças e jovens merecem e que todos os brasileiros devem sonhar para o País.


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