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Publicado em 09 de agosto de 2012 | 3 minutos de leitura

Reitores de universidades do Rio criticam cotas obrigatórias

RIO – A obrigação de destinar 50% das vagas em suas seleções para alunos de escola pública e baixa renda, prevista no projeto de Lei aprovado no Senado e que vai à sanção da presidente Dilma Rousseff, foi vista como uma interferência na autonomia universitária pelos reitores de instituições do Rio de Janeiro. Roberto Salles, da Universidade Federal Fluminense (UFF), disse que os senadores deveriam se preocupar em garantir também os recursos para auxílios com alimentação, transporte e moradia dos estudantes cotistas. Para ele, os parlamentares transferiram para as universidades uma prerrogativa que é das três esferas de poder.

– Acho péssimo a decisão, porque transfere uma responsabilidade que não é nossa. Eles não cuidam da educação básica e transferem tudo para as universidades, que já estão fazendo a sua parte. As ações afirmativas são implantadas gradualmente. Na UFF, começou com 10% das vagas, hoje está em 25%. As nossas regras são melhores do que as que foram aprovadas, pois não beneficiam alunos de colégios militares, escolas federais e Faetec. Não adianta colocar um monte de alunos no ensino superior sem aumentar as verbas de apoio para alimentação, transporte e moradia. Sem isso, o aluno não vai conseguir concluir o curso – afirmou o reitor.

Em nota, o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carlos Levi, criticou a interferência na autonomia universitária e lembrou que a instituição já destina, desde 2010, 30% das suas vagas para estudantes egressos da rede pública com renda per capita familiar de até um salário mínimo, sem instituir o recorte racial, que está previsto na proposta aprovada.

“Em relação ao recente projeto de lei aprovado pelo Congresso, tenho obrigação de lamentar o flagrante desrespeito à nossa autonomia universitária, preceito constitucional importante para sustentar a construção do espaço universitário como lugar de reflexão crítica e independente. No entanto, caso seja efetivamente sancionada a lei, não nos caberá alternativa que não seja cumpri-la. É importante ressaltar que, tão importante quanto se garantir o acesso à graduação através da reserva de vagas, é fundamental a garantia dos recursos necessários para viabilizar a permanência destes alunos na universidade até a conclusão dos seus estudos universitários”.

Fonte: O Globo Online- 8/8/2012


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